Foto: ElPaís |
O fôlego acabou. Estamos cansados de presenciar o trágico como sendo algo rotineiro ou normal. Não consigo, nem posso, aceitar que milhares de mortes sejam tratadas com frieza em um país lançado à própria sorte. Estamos à deriva e sem direito ao mínimo sinal de salvação. Os discursos contra a vacina estão nos deixando sem paz, sem ar, é assim que estamos lutando para viver.
Os profissionais do SUS entregam tudo que podem, mas heróis sozinhos não conseguem salvar toda uma geração. Eles precisam de mais, eles precisam de todos nós. O difícil chegou em nossas casas como uma visita ruim, sem previsão de quando vai embora.
Continuar respirando virou prova de fogo, mas estamos cansados de nos queimar. Famílias distantes há meses, trabalhadores vendo o dinheiro acabar e crianças tendo que superar aquilo que nem os adultos estão suportando. Em três meses 2021 já conseguiu ser pior que 2020. Permitimos que o COVID-19 encerrasse com a vida de tantos brasileiros. Agora, infelizmente, já são mais de 600 mil mortes (me dói atualizar esse número). Não espere conhecer um desses nomes para reconhecer a seriedade da situação.
Não é um debate sobre números e sim, um chamar atenção para vidas humanas encerradas por conta de um genocídio em terras brasileiras. Não existe meio termo nas circunstâncias atuais. Caso não evitamos algo, estamos contribuindo para que ele aconteça e cresça. A ausência de medidas que corrijam o caos, favorece o crescimento e a força dele.
Quando não investimos em soluções, estamos sendo parte do problema. E você, de qual lado você vive? Tentando salvar vidas ou defendendo a morte?
Nosso Brasil, que já foi tratado como a terra de todos, assiste seus filhos caindo dentro de um abismo que podia ter sido evitado. Enquanto algumas mãos seguram outras em sinal de ajuda e empatia, muitas preferem se manter vazias.
O cansaço nos atingiu e mesmo quando s multidão fala, poucos se mostram comprometidos a escutar os gritos de socorro. Será que estamos gritando baixo ou foi o Brasil que perdeu a capacidade de ouvir?
Escrevo para tentar não me sufocar com as palavras guardadas e nem com o sentimento de decepção cravado em mim. Não existe olhar para tantas mortes e não chamar isso de genocídio.
Nunca foi tão assustador e doloroso viver no Brasil. No passado, ser brasileiro era sinal de alegria, hoje, o mundo nos olha com pena, medo, descrença e sem entender a falta de sensibilidade do nosso governo.
Não sei como vamos superar a dor e solucionar nosso caos, mas o velho lema não pode ser esquecido: "sou brasileiro e nunca desisto". Por enquanto só podemos fazer a nossa parte: evitar aglomeração, utilizar máscara e higienizar as mãos. Mas precisamos de mais e temos que exigir tudo ao governo.
É sobre comprar vacinas, apresentar reforços aos hospitais públicos, dar suporte aos mais pobres e punir quem coloca em risco a saúde dos outros. Não espere pelo pior, já estamos vivendo nele. Chega! O Brasil precisa voltar a respirar sem medo do ar acabar.