Nem sempre falar é realmente dizer. No silêncio de alguns tem mais verdade do que no grito de vários. Resta saber como escutar a si e ao outro em um universo tão barulhento. Como tornar o mundo um lugar de todos? O filme chinês “MuMu” ou “Amor Silencioso” em português, é distribuido globalmente pelo IQIYI bem depois da sua estreia nos cinemas da China em maio de 2025. A história de "MuMu" apresenta o vínculo firme entre pai e filha, uma união que supera as barreiras da comunicação via palavras e sinais. Nesse longa, a verdadeira linguagem é a de cuidar e nunca abandonar. Porque nessa trama, o amor é sobre fazer e não só falar.

"MuMu" é um filme chinês que nos cala

Vivendo em condições humildes, Xiao Ma (interpretado pelo ator Lay) é um pai esforçado, de boa índole e que faz de tudo para sua filha Mu Mu (interpretada pela atriz mirim Li Luo An) ser uma criança feliz. Xiao Ma é um surdo sinalizado, ou seja, só se comunica por meio da língua de sinais. Mu Mu, mesmo sendo muito pequena, é seu ponto de mediação com o contexto dos oralizados. O retorno da mãe depois de anos de separação é uma tentativa de ter a guarda integral da Mu Mu. Xiao Jing (interpretada pela atriz Yao Huang) quer uma vida "normal" para a filha e rejeita qualquer tipo de acordo com Xiao Ma.

O desespero faz Xiao Ma mudar toda sua vida para se adequar aos padrões de um pai dito "normal ou aceitável". Mas quem disse que a sociedade sabe como dialogar com quem é diferente? A falta de oportunidade faz Xiao Ma esquecer seu senso de ética e justiça. Em uma medida de puro desespero, ele vai até a ponta do inaceitável e pula no maior dos erros. Mu Mu também decide algo em meio ao medo de perder o pai. Ainda que tão criança e ingênua, ela muda a rota como uma filha crescida que não aceita assistir tudo sem fazer nada. No filme chinês "MuMu", cada gesto é um jeito de dizer que quem ama cuida, mesmo quando isso requer tudo de nós. 

Chamar todas as séries e novelas asiáticas de “Dorama” é um hábito criado pelo mercado global, mas que não representa o termo original de cada país. Como consumidores dessas obras, é necessário chamá-las pelo nome certo, porque ele diz muito sobre a história cultural do seu país de origem. O público ocidental precisa entender que nem tudo deve girar em torno de uma mesma palavra ou de um único termo. Generalizar tanto assim, é diminuir um mundo diverso dentro de uma visão pequena e ocidentalizada. Nem tudo é “Dorama” e você precisa entender o motivo disso.

Dorama tem origem japonesa

“Dorama” é o nome das séries e novelas japonesas que em sua maioria costumam ter 10, 14 ou 16 episódios de 60 minutos, mas que raramente ganham uma continuação ou novas temporadas. A maioria dessas produções tem o romance como gênero de maior popularidade entre o público do país. Os doramas são histórias com poucos personagens e sem tantos núcleos dramáticos, porque o foco é aprofundar a história principal da trama, ou seja, o desenrolar romântico e pessoal dos protagonistas. 

Os dramas sul-coreanos

Na Coreia do Sul, as novelas e séries são chamadas de “K-dramas” ou de “Dramas”. A desvinculação com o termo “Dorama” surge desde a independência sul-coreana depois do período de ocupação japonesa. Hoje, falar "K-drama" ou "Drama Coreano" é reconhecer toda uma jornada de luta pela aceitação da autenticidade histórica do país. Os dramas da Coreia do Sul costumam ser exibidos semanalmente (dois por semana). No total, a história é composta de 12 a 16 episódios de 60 minutos. No gênero de drama familiar, as histórias ganham 50 ou 100 episódios. A trilha sonora original (OST) é uma forte característica dos K-dramas, chegando até a lançar álbuns completos com todas as músicas originais da história.

Os dramas tailandeses

As produções dramáticas da televisão tailandesa são chamadas de “Lakorn”. Além das histórias românticas de casais héteros, temos muita representatividade LGBT por meio dos enredos com protagonismo BL (romance entre homens) e GL (romance entre mulheres). Cada lakorn costuma ser de temporada única com 10 ou 13 episódios (exibidos um por semana), mas existem histórias com uma duração maior e até com continuações. A trilha sonora original (OST) também é muito forte na Tailândia, inclusive com os atores interpretando as canções que são temas de suas personagens.

Os dramas chineses

Para se referir aos dramas produzidos na China, costumamos usar o termo “C-drama” ou "Drama Chinês". Diferente de boa parte da Ásia, os dramas chineses são bem mais longos e costumam ter de 24 a 50 episódios com 60 minutos de duração (exibidos diariamente). Os temas mais populares dessas histórias são os de fantasia, os históricos e os romances de escritório. Os dramas de formação também são bem famosos, porque mostram os protagonistas crescendo diante do público e conhecendo todas as fases da vida (infância, juventude e fase adulta). A estética poética da fotografia e a trilha sonora são pontos focais que a China investe muito.

Vamos assistir, mas vamos aprender também sobre o contexto histórico e social dos países que geram essas obras que tanto amamos. Tudo é uma questão de levantar nosso olhar para além do que já conhecemos e educar nossos conceitos referente ao que acontece em outros lugares. Arte não é só entretenimento, é também educação, conscientização e inspiração. Confira agora algumas plataformas que super indico para quem quer assistir dramas asiáticos legendados em português:

Dramas pagos e grátis: Rakuten Viki
Dramas pagos e grátis: GagaOOLala
Dramas pagos e grátis: WeTv
Dramas pagos: Disney+
Dramas pagos: Netflix
Dramas pagos: Prime Video

Um texto de Cida Silva, criadora do Blog aqueCida

Somos estrelas em um céu de asfalto, sempre passeando por entre dias que logo se transformam em semanas e depois meses. Esse tempo não é exato, muito menos justo, por isso a fase boa ou ruim nunca cai na mesma medida para cada um de nós. A temporada amarga para alguns pode ser uma longa estação, enquanto para outros, parece mais uma chuva de verão: inconveniente, mas sempre muito breve. O K-drama “Sweet Munchies” ou “Doces Petiscos” em português, serve um banquete carinhoso e urbano, apresentando protagonistas buscando viver com doçura seu sonho, amor e carreira na cidade grande.

No outro lado da esquina da vida em “Sweet Munchies”, temos Kim Ah-jin (interpretada pela atriz Kang Ji-young), uma assistente de direção televisiva que sonha em dirigir seu projeto de programa original. Como cliente regular do restaurante do chef Jin-sung, ela encontra lá, algumas pintadas de esperança diária. Todas as noites, ambos se esperam, mas nenhum percebem que esse vínculo já ultrapassou os limites de chef e cliente. Quando surge uma oportunidade de apresentar sua ideia de show culinário, Ah-jin precisa encontrar um talentoso cozinheiro que além de gay, seja bom em compartilhar conselhos sobre a vida.

Como resposta ao próprio desespero e para solucionar dificuldades financeiras da família, o chef Jin-sung aparece no teste e ganha a vaga, surpreendendo Ah-jin. Ao mentir sobre sua orientação sexual, ele coloca sua paixão secreta em risco, mas esse é um preço que ele paga para garantir a saúde do pai e uma vida melhor para o irmão. Durante os preparativos para a estreia do programa, Jin-sung conhece o estilista Kang Tae-wan (interpretado pelo ator Lee Hak-joo), o qual também esconde sua verdadeira orientação sexual. Nesse caos de segredos e sentimentos, nossos protagonistas precisam lidar com a voz de um amor que se recusa a se calar. Esse encontro de caminhos vai levar cada protagonista ao seu verdadeiro destino. Porque ainda que repleta de noites frias, pacatas e sofridas, ao virar a esquina, a vida nos surpreende, e você pode encontrar paz disfarçado de algo ou alguém.

Confira uma versão completa desta resenha no livro digital "Um Amor de Dorama" na Amazon. Assista ao K-drama "Sweet Munchies" legendado em portugês na plataforma Viki. Acompanhe o aqueCida nas demais redes sociais e curta mais conteúdos aquecidos!

Uma resenha de Cida Silva, criadora do Blog aqueCida

Quem vive esperando, espera sem viver. E como é triste sentar na estrada acreditando que o caminho vai nos levar. Cada passo é um respiro, e toda vez que estagnamos, o tempo nos sufoca. Não existe beleza em vidas pausadas, planos adiados e sonhos morando no papel. 

Lembre-se que você não encontra quando espera, mas quando procura e faz algo para mover seu mundo. Vontade sem ação é só uma emoção jogada ao vento e perdida no tempo. A verdade escondida é que no fundo já estamos todos prontos, não porque temos tudo, mas porque somos suficiente para viver a própria história. 

Alguns verbos sempre despertaram em mim um sentimento poderoso de existência. Criar, fazer, começar e ser, todos eles são quase que um empurrão e uma epifania. Talvez, o tempo só permanece estranho e nublado quando focamos no verbo errado. Então que a vida seja a conjugação do verbo que te puxa para frente e não aquele que te deixa preso ao fundo ou no passado. 

O livro pede viradas de páginas porque a história não acontece sem mudanças. Precisamos sair do lugar. A música só depende de instrumentos em movimento e voz ecoando alto porque nada parado gera som ou vida. O que falta para muitos de nós é prometer menos e fazer mais.

Se não for você será quem?
Se não for agora será quando?
Esperando o quê? A vida acontecer?

Música:
What Are You Waiting For?

Artista: 
Nickelback

Estamos acostumadas a ser tantas que fica difícil saber quem estamos sendo agora. Quantas vezes já cortamos nosso verdadeiro traço para caber no rabisco do mercado ou no esboço de uma sociedade padrão? Ser quem somos é um luxo que poucas de nós conhecemos, mas não deve ser assim. No filme "O Diabo Veste Prada", a luta para ter sucesso na carreira e na vida é uma batalha que nunca termina. Nessa disputa, algumas mulheres estão subindo de elevador enquanto a maioria só tem a escada como única alternativa. 

A história do "O Diabo Veste Prada" continua sendo atual 

Andy (interpretada pela atriz Anne Hathaway) é uma jovem recém formada que consegue um emprego na renomada "Runway Magazine", a revista de moda mais importante da típica Nova York dos sonhos. Trabalhando como assistente da editora-chefe, a temida Miranda Priestly (vivida pela atriz Meryl Streep), Andy é jogada em um mundo afiado e sair ilesa dele não será tão fácil. Ainda que seja um cargo cobiçado por muitas garotas, Andy não demora muito para perceber o preço que pagará em nome de ser uma assistente perfeita e 100% adequada aos padrões estipulados pela Miranda.

Quanto custa o tão sonhado sucesso?

Estreado em 2006, o legado do filme "O Diabo Veste Prada" continua intacto até hoje, quase 20 anos depois. Qual o motivo do sucesso atemporal? Mostrar que luxo e sucesso custam muito, mas na maioria das vezes, você não paga o preço só com dinheiro, mas com tempo, ou seja, com a sua vida. A protagonista Andy sente na pele o débito daquele trabalho e percebe que crescer no lugar errado diminui ou anula nosso maior diferencial. A máscara virou o mapa do mundo, sem ela, alguns acreditam ser impossível alcançar notoriedade, conquistar status e possuir aquele sucesso cinematográfico.

Então se repete a mesma cena: sorriso em público, lágrimas no privado. Segurança lá fora, mas um misto de medo e auto cobrança aqui dentro. A trama do "O Diabo Veste Prada" só colocou na tela aquilo que é vivido nos bastidores. Andy não é taxada como uma namorada ruim por se dedicar ao trabalho, ela é mais uma pessoa incrível tentando fazer tudo para todos e quase nada para si mesma. Eu amo esse filme, mas só agora entendo suas camadas e críticas. Essa é aquele tipo de história que deixa marcas e toda vez que assistimos mudamos algo em nós. Porque não é sobre usar Prada ou nenhuma outra marca, é sobre decidir entre usar máscaras ou nossa verdadeira identidade.

Assista o filme "O Diabo Veste Prada" no Disney+
Em 2026 teremos o segundo filme desse sucesso!

Uma resenha de Cida Silva, criadora do Blog aqueCida

Toda calmaria da noite e cada agitação do dia guardam emoções que só a música é capaz de revelar. As histórias noturnas e matutinas preservam belezas opostas, mas igualmente valiosas. Durante o “ShineRise Fancon”, primeiro show-concerto do JuniorMark, duo de atores da GMMTV, encontramos um palco preenchido de uma arte feita por dois, mas que alcançou milhares. A vida merece ser sentida e cantada em todos os tons e acordes, então Junior Panachai e Mark Jiruntanin cantam um pouco de si e dos seus sentimentos. Em dois dias de apresentação e diante do fandom STARMIE, nome oficializado no D1, na “ShineRise Fancon” a dupla JuniorMark compartilharam novos lados e cativaram o público por não esconder a partitura do que estão sentindo.

Falar sobre as apresentações dos dois dias de “ShineRise” é falar sobre como Junior e Mark respeitam o sentimento de cada palavra cantada. Para eles, a música não é só versos, vozes e acordes. Cantar é também dizer como são, como se sentem e como interpretam a vida, o tempo e um ao outro. Nessas horas de pura entrega e sensibilidade, “ShineRise Fancon” deixa de ser apenas um show-concerto e se transforma em um lugar só do JuniorMark com o STARMIE. Existem abraços que, de tão apertados, ainda cabem o mundo. No caso deles, cabe um universo amarelo e azul com sol, lua, Jummo e estrelas. Destemidos para ser ou sentir, JuniorMark são o máximo deles mesmos na vida e no palco.

Assistindo as performances de canções como "Best Luck", "Aftermoon", "More Than Words", "Hello Mama" e "Love Song", por exemplo, somos transportados para um momento de intensa paixão e gratidão. Sim, paixão por tudo e todos que ganham uma parte nossa ao longo da vida. E gratidão por sentir o presente de uma maneira livre, única e do nosso jeito. JuniorMark leva ao "ShineRise Fancon" páginas de uma história que os dois escreveram até aqui e que seguirão criando de agora em diante. 

Lakorn com protagonismo BL do duo JuniorMark

Cherry Magic - Inperpretando Jinta e Min
Perfect 10 Liners - interpretando Faifa e Wine

OST cantada pelo duo JuniorMark

"Trial Love" em "Perfect 10 Liners"
"Cutie Overload" para "ShineRise Fancon"

Um texto de Cida Silva, criadora do Blog aqueCida

Nunca tente e você nunca perderá, mas também não ganhará. Nunca pergunte, mas lide com a angústia de viver sem resposta. Nunca pule por medo da queda, mas se contente em não sentir a magia do voo. Enquanto dentro da festa de alguns, os confetes não param de cair, lá fora tem pessoas tentando se levantar. Pisar na lua não resolveu os problemas da terra, mas parece que o mundo gosta de se enganar. “Shine” é uma série tailandesa com protagonismo BL marcada por uma ousadia poética, visual e romântica. O drama coloca luz nas sombras de uma época revestida de falsas estrelas e de um brilho corrompido. Em nome do amor, da arte e da liberdade, "Shine" visita a escuridão de um período injusto e nunca esquecido.

O golpe militar na Tailândia ocorreu em 1962 e durou até 1973. O drama "Shine" retrata o período de 1969 em plena luta contra os efeitos devastadores do regime ditatorial. Enquanto grupos empresariais lucravam com a falta da democracia, a população menos favorecida sofria em tempos crueis. Tanwa e Trin irão viver um amor que não deixa de olhar para o que está acontecendo em seu país. Com uma produção de alto nível, "Shine" é um BL que não separa romance e crítica social porque um sempre é impactado pelo outro. Aqui, a paixão não brilha sozinha, a busca por liberdade, justiça e dignidade brilha sempre com ela.