Estamos todos perdidos na mesma onda e tentando alcançar a superfície para recuperar o fôlego, o sentido e nossa própria vida. O tempo é cheio de naufrágios, mas a presença de alguém certo pode nos tirar do fundo e nos levar de volta ao nosso lugar seguro.

Em "The Eighth Sense" o protagonista Jae won (interpretado pelo ator Lim Ji sub) está à deriva, sufocado em sentimentos e perdido em traumas, desviando da dor e forjando um sorriso. Jae é um veterano esgotado por ser e fazer tudo aquilo que ele não é e não quer. As mentiras diárias e as relações salgadas machucam Jae da mesma forma que a água da praia afeta nossos olhos.

O segundo protagonista do drama "The Eighth Sense", o calouro Ji hyun (interpretado por Oh Jun Taek) é o oposto do Jae. Natural do interior, Ji hyun começa na faculdade e em Seoul com a ingenuidade de quem sentirá muito pela primeira vez. Essa intensa onda não derruba Ji hyun, apesar do medo diante de tantas mudanças e da primeira paixão, ele prefere se jogar por completo do que viver na margem. Ele não quer só olhar o mar. Ele quer experimentar a água e conhecer essa onda única.

Ji Hyun é o recomeço que Jae tanto precisava. Um recomeço sem máscaras. Um sentir sincero, completo e sem disfarce. Um olhar de perto e reconfortante. O encontro do Jae com Ji hyun é como a relação entre água e areia, são diferentes, opostos, mas juntos preservam uma beleza que se complementa. Em "The Eighth Sense" o amor entre os protagonistas é uma maré convidativa e cativante, calorosa de noite e aconchegante de dia. Cada episódio desse bl é como um inesquecível verão. Você não vai querer que ele acabe.

Conhecer Jae fez Ji hyun viver um início destemido. Longe de ser só um mero observador da vista, Ji hyun solta os medos e escolhe agarrar a oportunidade de conhecer o mundo do Jae. Mas depois, gradualmente, ambos se deixam ser parte de um único universo, da mesma onda e para muito além dos cinco sentidos. A queda do oito seria para sempre o infinito deles, o destino preferido depois de uma jornada dolorosa, salgada e difícil. Assistir "The Eighth Sense" é mergulhar no infinito de emoções inéditas.

"The Eighth Sense" não é uma história clichê. Não é um bl comum. Não é um drama comparável com nenhum outro. "The Eighth Sense" é de fato um mergulho inédito. É prender o fôlego ao fim de diálogos incríveis e de uma fotografia que respira arte de cinema indie o tempo todo. É boiar em uma OST delicada, afogada em histórias e pronta para despertar nossa vontade de viver tudo como se fosse a primeira vez. Porque de fato é. O presente é sempre inédito. 

A verdade é que cada dia, momento, minuto e instante... nada disso se repete do mesmo jeito. Hoje sempre será nossa primeira onda. Então assim como Ji hyun e Jae, precisamos e merecemos conhecê-la profundamente, mesmo com medo e cercados de incertezas. Vivendo para conhecer. Conhecendo para sentir. Sentindo para decidir. Para alguns, o pôr do sol é um final, mas "The Eighth Sense" prova que ele é um lindo início. Um início laranja, belo e sempre novo para todos nós. 

Um texto de Cida Silva, criadora do Blog aqueCida

O caminho de volta para casa não é uma estrada. Não é uma jornada vivida fora de nós, é uma direção guiada por dentro e pelo que sentimos. Decidir recalcular a rota e retornar para o que importa, nem sempre é uma curva fácil, mas ela te leva ao encontro do verdadeiro amor e da verdadeira casa. Porque o verdadeiro lar nunca foi um lugar. 

Assistir Road Home foi como viajar admirando a vista pela janela aberta. Cada minuto do drama era uma paisagem que me acompanhava dizendo muito e me fazendo sentir um pouco de tudo. Contando a história de encontro, desencontro e recomeço do casal Gui Xiao e Lu Chen, o cdrama é um romance profundo, tudo nele tem significado, muita intensidade e faz um gigante universo de emoções caber em 30 episódios de tirar o fôlego de qualquer viajante ou romântico.

Ainda no Ensino Médio, Lu Chen conhece Gui Xiao e a timidez de ambos é eliminada gradualmente, respeitando o tempo do despertar genuíno daquela paixão juvenil. Quando Gui Xiao vai para a universidade e Lu Chen começa sua carreira na Swat (Polícia Chinesa), a decisão de confessar seu amor e iniciar um namoro à distância, foi a passagem ideal para ingressar em um romance ardente e cheio do sonho de um ter o outro como destino, retorno e casa.

Seguir o que sentimos não é sobre velocidade, mas é sobre a força que a maturidade entrega ao nosso crescimento e misto de sentimentos. Tanto Lu Chen quanto Gui Xiao precisaram romper para aprender com a dor de uma separação que a imaturidade e o medo não evitaram. Depois de anos enfrentando a saudade e os caminhos opostos, um reencontro em plena neve une outra vez as jornadas de ambos.

Olhar para quem sempre foi seu lugar seguro é um presente que Lu Chen e Gui Xiao decidem não recusar. O amor de antes continuava vivo e gigante, mas seria forte o bastante para curar aquela mágoa do passado? Pequenos passos também nos levam longe e em Road Home, pequenos gestos ajudam Lu Chen e Gui Xiao a compartilharem o mesmo lado de uma estrada para dois.

Você pode ignorar a vista da corrida fechando os olhos, mas não deixará de sentir o vento. Mesmo querendo viver uma nova história é impossível ignorar os impactos que a vida adulta trás em sua rotina. Em Road Home o amor entre Lu Chen e Gui Xiao é testado de todas as formas. Mas não poderia ser diferente. A vida é realmente uma estrada injusta, mas amar e ser amado transforma ela em algo melhor.

Lu Chen nunca teve uma vida confortável. Quando criança, ele era vítima do comportamento violento do pai e desde muito jovem trabalhou como mecânico para ajudar no sustento da família. Lu Chen se tornou um homem silencioso, sensível,  de atitude e um policial fiel ao papel de cuidar de pessoas. Lu Chen sempre se colocou como um servidor, primeiro serviu aos pais e agora serve ao país. Mas a escolha de reconquistar Gui Xiao foi seu primeiro ato de se colocar como prioridade e respeitar seu sentimento. 

Gui Xiao é de família rica, mas afetada pela separação traumática dos pais. Crescer escondendo sentimentos era seu jeito de não incomodar ninguém. Amar Lu Chen foi a primeira vez que ela não rejeita a oportunidade de falar e viver tudo que sente. Para Gui Xiao decidir amar é escolher confiar seu mundo ao mundo de outra pessoa. E para ela, o mundo do Lu Chen era seu lugar de segurança, conforto e amor.

Terminar o cdrama Road Home foi chegar ao final de uma viagem perfeita, inesquecível e emocionante. Cada episódio era uma estação que apresentava a vida e as relações pela ótica de protagonistas que não deixam de acreditar no amor como sendo a solução para tudo. Cada ponto de vista é a vista de uma vida, sendo assim, cada vida importa e merece ser entendida, sentida e amada. O amor entre Lu Chen e Gui Xiao ensina um a respeitar a vista do outro, mas de um jeito delicado, paciente e humano.

Road Home é um drama chinês produzido pela IQIYI e exibido no Brasil na plataforma Viki. O cdrama é estrelado pela atriz Seven Tan e pelo ator Jing Boran. Baseado em uma novel de mesmo nome, o drama segue sendo sucesso de crítica e audiência. A trilha sonora linda, autoral e marcante também ganhou muita atenção de fãs chineses e internacionais. 

Longe de ser uma linha reta, fixa e controlável, o amor tem direções múltiplas para cada um de nós. Ocupar as telas com essa diversidade é algo que a Ásia faz muito bem. Com histórias que fogem do clichê estadunidense ou europeu, os dramas asiáticos valorizam a temática Boys Love e ganham uma legião de fãs em todo Brasil. Hoje, nós estamos no Top 5 de países que mais consomem dramas televisivos com foco em romance de protagonismo BL.

Dia após dia, a Ásia vem mostrando que romances com temática BL não são limitados ao retrato de tragédias causadas por preconceito e intolerância. Essa realidade não é descartada, nem pode, mas é necessário mostrar para muito além desses muros cruéis e construir histórias que trate de pessoas, ou seja, de indivíduos que amam, sonham, sentem medo, erram, acertam, conquistam, perdem e que são diferentes. Porque sim, é bom lembrar que ser igual nunca foi da natureza humana. 

Seja romance, suspense, comédia ou criminal, independente do gênero, assistir um drama BL asiático é se conectar com histórias diferentes da nossa, mas potente ao ponto de nos ensinar muito. Além de inspirar em nós um amadurecimento social necessário e urgente, são dramas que também despertam aquela vontade de conhecer outras histórias, explorar culturas, sentir a arte estrangeira e ampliar nossa ideia de mundo inclusivo. Temos muito aqui e agora, mas lá fora existe ainda mais. Porque se além de quem somos e de onde estamos há infinitas possibilidades de enredos, produções e interpretações, então devemos nos permitir conhecer de tudo e sentir cada vez mais.

Viver é saber que quase nada é nosso. Tudo é um presente temporário, algo que em certo momento perdemos para o tempo. A vida tem essa estranha mania de treinar nossa capacidade de perder, entregar, se despedir ou deixar ir. No drama "25,21" ou "Twenty Five Twenty One" somos o tempo todo questionado sobre o que de fato vale segurar ou soltar. Você sabe decidir?

Em "Twenty Five Twenty One", a personagem indomável de nome Hee-do, ensina que o nosso sonho é a única coisa que nada ou ninguém pode tirar de nós. A decisão de segurá-lo ou soltá-lo é apenas nossa e não pode ser de outra forma. Entender isso resolve qualquer grande dúvida, medo ou insegurança.

Enquanto Hee-do tem uma fé gigante em si mesma e não encontra apoio de mais ninguém, sua mãe é uma presença ausente,  uma mãe solo que tem o jornalismo como refúgio e faz de tudo por ele. Já Back Yi-jin, depois da falência do seu pai, não acredita em estabilidade e liberdade para correr atrás de sonhos ou algo do tipo. Vivendo sozinho, longe de toda família, Back Yi-jin tem como único intuito: viver para pagar contas, as suas e as do seu pai.

Em "Twenty Five Twenty One" temos uma história de dois opostos: quem faz tudo por amor e quem faz tudo por segurança. Escolher pode ser um caminho dividido em duas direções, você segue a do sentido que alcança seu amor ou sua razão? Enquanto Back Yi-jin caminha priorizando seu mundo, nossa Hee-do não abandona o dela. Distância, diferenças, idades, nada disso é um problema quando existe um amor tão resistente e flexível quanto um sabre de esgrima.

Em "Twenty Five Twenty One" nossa Hee-do mostra que ser forte não te obriga ser insensível e inflexível. Nossa protagonista é afiada como a ponta de uma espada, mas carrega uma leveza e positividade que nada ou ninguém pode destruir. Ela defende tudo que ama, seja na esgrima, no romance ou na vida. Hee-do é a protagonista mais marcante da década e fica impossível não querer replicar na vida real tanta determinação, paixão, sinceridade e garra.

Hee-do é a personagem que mais ensina ao público e ao grupo de personagens do drama. Em "Twenty Five Twenty One" temos uma protagonista que cativa do primeiro segundo ao último minuto do drama. Hee-do é avassaladora, ela prova que não precisa da crença de ninguém, ela não espera apoio ou aceitação para crer em seu próprio talento e destino profissional. Não importa quanto tempo seja necessário, ela sabe que vai conseguir. O amor da Hee-do pela vida é um antídoto que não a deixa desistir da esgrima, do romance, da família e do seu futuro.

"Twenty Five Twenty One" é potente porque na tela a nossa Hee-do é uma vida intensa, ativa, completa, amante e contagiante em tempo real. A história nos faz chorar, acreditar, ter fé, não desistir e se colocar em primeiro lugar sempre. Hee-do é um belo exemplo de empoderamento estrondoso e doce ao mesmo tempo. Ela é minha protagonista preferida e me faz lembrar muito da Cida de antes. Hee-do é aquela amiga para todas as horas, uma profissional que ama o que faz e nunca deixa de respeitar seus valores humanos. Ser Hee-do é ser essência em seu estágio mais forte, verdadeiro, intenso e único. 

Um texto de Cida Silva, criadora do Blog aqueCida