Foto: @cida.aquecida

Parece que foi ontem, a virada esperançosa de 2018 para 2019. O ano novo chegou e com uma velha realidade ainda mais cruel. A dor não precisa ser em nós, para ser sentida. O lema "ninguém solta a mão de ninguém", não repercutiu a toa. Quando nem nos recuperamos de uma tragédia, chegamos rapidamente ao choro por uma outra. Lágrimas causadas por erros criminosos repetidos e ninguém parece arrependido ou correndo o risco de ser punido. 

A justiça virou lenda, daquelas que todos ouvem falar, mas estão descrentes da sua existência. O grito de uma parte da população ecoa, enquanto a mão da justiça surda, solta quem destroçou tantos futuros. Chegamos ao ápice da calamidade e a urgência pede que a sociedade seja seu próprio defensor. Do céu não vem nenhum herói com capa, na terra estão os que realmente podem fazer a diferença. Falar e fazer são verbos que precisamos usar agora, para reeducar com as nossas vozes e corrigir com as nossas ações. 

O quê a impunidade devastou, a luta por punição precisa recuperar. Se posicionar não é apenas sobre ocupar seu lugar de fala, mas é também sobre defender tudo que é justo, para que todos tenham uma vida digna. Mesmo sendo assustador ter que defender o óbvio, se faz necessário não desistir disso. A pior das perdas, ainda é a perda da esperança. Precisamos falar por todos que foram silenciados e devemos agir por todos que foram paralisados. 

O pensar que sozinho não se pode mudar o país, fará de você alguém que só espera pela mudança, sem nunca contribuir para a presença dela. O pouco que você pode fazer, se faz muito diante de tantos que não fazem nada. Não precisamos de dias bons, precisamos de pessoas boas e conscientes, as únicas capazes de transformar o nosso tempo. Quando fazemos o certo, não precisamos esperar por milagres. A mudança que esperamos começa em nós.