Encarar o hoje com o mesmo olhar de ontem, é impedir o aperfeiçoamento de quem já somos e de quem ainda vamos ser. Viver preso aos mesmos passos, só vai te levar para os mesmos lugares. Viver não é acidental,  tudo existe propositalmente. Até o menor dos seres contribui para o equilíbrio de algo maior. Somos partes de tudo e nada estar livre da influência de outros. Você respira porque muitas outras coisas tornam isso possível. Ser totalmente independente é fisicamente impossível. 

A certeza de que cada ação provoca uma reação, ultrapassa toda e qualquer sala de aula para nos ensinar sobre a vida aqui fora. Precisamos na mesma medida que também somos necessários. Ainda que pareça clichê, é preciso lembrar que somos cifra de uma mesma soma. Tudo que somos compõe o quê o mundo é. A maneira com a qual vivemos determina como será a realidade daqui para frente. É preciso fugir da ideia que o destino nos controla, pois é justamente o contrário.

Ainda no presente temos que aprender com o passado e criarmos o futuro. A melhor fase da sua vida é aqui e agora. O amanhã depende exclusivamente desse exato momento que já estamos vivendo. Sendo assim, mais urgente e valioso é o dia que você já estar respirando. Não espere muito para entender esse alerta. A felicidade que você deseja encontrar, nunca esteve perdida, ela sempre esteve em você.

Em uma manhã carioca e chuvosa, onde tudo ganhava tons de cinza, visitei o CCBB e me deparei com a exposição do artista chinês Ai Weiwei. A mostra é uma abordagem sobre as raízes presentes na história do artista e de tudo que influenciou sua arte até aqui. Me deparei com obras que no fundo podem ser consideradas um louvor aos traços de cada cultura, natureza e singularidade de um povo. Com uma facilidade e sensibilidade, o Ai Weiwei passeia por esculturas, fotografias, documentários e escritos com um único objetivo: mostrar que tudo é  arte e através dela falamos aquilo que precisa ser dito.

Ao longo da exposição respirei inquieta a vontade de espalhar uma arte tão crítica e politicamente atuante, quanto a que o Ai Weiwei faz. Ele cria ciente da importância dos ideais presentes em cada obra sua. Ai Weiwei tem a arte como um amplificador pronto para criticar, alertar, denunciar, defender e inspirar. Sua obra enfatiza um comprometimento social, ao passo que rompe com todo e qualquer silêncio encarando as intimidações de frente. Presenciar sua luta para continuar fazendo arte mesmo diante das ameaças, me fez perceber que Ai Weiwei ensina como um artista deve ser. A arte precisa ter propósito e servir de arma em tempos de crise. Ela deve ser ponte capaz de nos levar para tempos melhores.

Fui tocada e modificada com a arte do Ai Weiwei e aprendi muito sobre criar sabendo o quê verdadeiramente precisa ser dito. A exposição me entregou um desejo ardente de sair do pensamento e agir buscando a mudança que muitos só esperam. Liberdade não é dada, ela precisa ser conquistada e devemos usar nossa voz para isso. Atitude é espírito de urgência para um presente que ainda não aprendeu com o passado. Futuro nenhum é construído apenas com discursos. Se você não luta pelo que é certo, irá assistir o errado ganhar espaço. Presenciar um erro e nada fazer, é apoiar ele silenciosamente. 

Ai Weiwei em poucas palavras me disse grandes verdades através das suas obras. Escrever e contar histórias sempre foi a minha forma de respirar. Perder isso seria como morrer enquanto só o corpo vive. Depois da exposição, eu sigo certa de que uma vida longe da arte seria um caminho sem sentido me levando para lugar nenhum. A arte é crítica e grita, por isso muitos temem o grito de um artista.

Ainda espero o verão com a mesma cede de quem pede um copo de água. No entanto, cansei de me apaixonar pelo sol e não corresponder a presença da chuva. Hoje amo e aproveito melhor o tempo que tenho com cada um deles. Quero uma tarde fresca no jardim, com a mesma intensidade que curto a noite fria no meu quarto. Sempre vivo um romance com a estação que me foi dada.

Já teve domingos que chorei enquanto lá fora, a chuva fazia o mesmo. Algumas vezes desisti de fugir do que inevitavelmente já me molhou. Aprendi que o mesmo tempo que seca também cura. Nenhuma tempestade chega para ficar e o mesmo sol que foi sempre volta. Espere o sol mas saiba aproveitar a chuva.

Encarar o clima como um jogo, é entender que nunca perdemos, pois sempre ganhamos uma estação. Seja nublado ou ensolarado, treine a habilidade de desfrutar do seu presente. O mesmo tempo que dá também tira. Um banho de chuva é tão raro quanto um banho de sol, por isso acaba.

Foto: @yaoyaomva

O tempo é presente que tenho, mas não sei até quando. É aquele remédio que por vezes demora ou não, mas sempre faz efeito. Um jogo que muda de nível, sem esperar permissões. Ele leva o quê não queríamos perder ou entrega o quê nunca queríamos ganhar. Estamos nele, sem poder controlar o quê ele é. Seguimos sem saber para onde e só ele pode nos responder.

O tempo guarda a lágrima e o sorriso como lados opostos de uma mesma ampulheta. Nenhum ganha, nenhum perde, cada qual existe respeitando o próprio tempo para cura ou comemoração. O tempo é correnteza que não se pode parar ou aumentar segundo à nossa vontade. Ele passa e por isso é tão raro.

O tempo é como um livro de uma biblioteca, hoje temos mas ele não é nosso. É o recebido com data de devolução. É um ganho que depois a gente perde. Ele não tem preço, mas vale muito. É raridade que não se pode comprar. Tempo é pincel que desenha o quê somos ao longo de cada mudança. É o escultor de cada marca deixada em meu corpo e mente. Tempo é casa que não se pode morar para sempre.

Foto: @jessicahirata_

Existem dias que preciso escapar de tudo para ser minha única e boa companhia. Em algumas manhãs quero apenas me perder em pensamentos e me achar dentro de mim mesma. Descarto tudo que não faz sentido existir naquilo que hoje sou e me alimento de novas formas de viver meu momento. Ainda que esperem de mim muitas coisas, apenas posso dá aquilo que sou e sou uma arte bem diferente do que a sua expectativa pinta.

Sou uma canção autoral despreocupada em ter que rimar ao modo dos outros. Meu caminho tem sentidos que só eu entendo. Minhas linhas guardam segredos que deixei escapar quando encontrei as palavras certas. Por vezes, meu silêncio ou gesto dizem mais que qualquer discurso. Deixei de viver como lago para me tornar correnteza, quero conhecer o máximo do mundo e não me resumir à um só lugar.

Quando a semana começa, já me vejo diferente de quem eu fui no sábado. Assim como os segundos a mudança é minha única certeza. Se as estações mudam, não podemos ser sempre o mesmo. Entre cada fim e recomeço respiro as possibilidades desse meio. Não existe crescimento no mesmo. Se a semente fugir da mudança, nunca se tornará flor. A lagarta aceita mudar, para poder viver como borboleta.